Após perder 7 filhos, enfermeira de Ortigueira celebra nascimento de filha
Uma história de muita fé de um casal de Ortigueira. Eliane Leal e Alexandre Lima enfrentaram a perda de sete filhos. Sem acreditar que poderia ser mãe, a surpresa. Sara estava a caminho. A família agora celebra o nascimento da primeira filha.
“Antes da Sara, tão esperada, desejada em oração, preciso lembrar de mais sete almas que vieram ao meu ventre com a permissão de Deus. Alguns eu gerei por dias, outros por meses, e tudo isso fez eu e meu esposo nos entregar a Deus, nosso tempo, nosso sonho, medos, anseios, nosso coração. Deus é bom, seus planos não podem ser frustrados”, conta Eliane.
A enfermeira fez questão de fazer um questionamento antes de contar a história dela: “Consegue glorificar Deus na dor? Uma pergunta para quem vai ler essa história. Glorificar a Deus na dor nos ensina muitas coisas”, disse.
Eliane e Alexandre se casaram em 2007, logo no primeiro ano de casados sofreu o primeiro aborto, depois, mais cinco e uma criança chegou a nascer, porém, após dias na UTI a filha não resistiu e faleceu. Ela ainda sofreu com erro médico em uma das gestações.
“Seis abortos e uma filha que faleceu. Tive nessa época, em 2012, uma gestação muito difícil, um sangramento horrível e fui para a Santa Casa de Ponta Grossa. Médico disse que não havia mais sinais vitais e realizei o procedimento de curetagem, depois de 10 dias, descobrimos que o bebê ainda estava lá, foi um erro, tive descolamento de placenta, fiquei de repouso absoluto, mas com 26 semanas tive outro sangramento, precisei ser hospitalizada, realizei cesárea e minha filha nasceu com 720 gramas, com 32 centímetros. A chamamos de Vitória. Após 15 dias na UTI, ela contraiu uma infecção e com 22 dias de vida, Vitória faleceu. Apesar da dor da perda, de uma menina tão pequena que lutou pela vida, agradecemos o privilégio de ter gerado Vitória, que com mesmo com erro médico, mesmo que na UTI, tive o privilégio de desfrutar da minha filha. Entregamos ela para Deus. No dia 5/5/2012 ela nasceu e no dia 27/5/2012 Deus a recolheu”, emocionada, relembrou Eliane.
Depois, ela ainda sofreu mais dois abortos, e chegou a pensar em desistir do sonho de ser mãe, porém, o desejo de gerar um filho sempre se manteve em seu coração. Eliane seguiu a vida e entrou para a faculdade de enfermagem. Antes já atuava na área da saúde, era técnica em enfermagem, socorrista, trabalhou na RodoNorte por mais de 10 anos.
“Eu estava muito cansada, esgotada. Pedi a Deus que não me deixasse mais engravidar pra perder pois eu não aguentava mais engravidar e perder. Deus conhece nossas fraquezas. Foi aqui que como posição de fé parei de me cuidar e descansei em Deus. E tive muita certeza de que ele não me deixaria engravidar pra perder. Meu sonho sempre foi ter meu bebezinho do ventre e poder amamentar e cuidar. Iniciei meus estudos, sempre com Jesus me sustentando, e no quinto ano, no estágio, em novembro de 2022 descobri que eu estava grávida e com mais de dois meses. A Sara já estava formada, logo depois tive trombofilia gestacional e mais uma vez precisei de repouso absoluto. Só levantava da cama para ir ao banheiro e ao médico. Durante esse período Deus falou de diversas formas comigo, através de memórias, pessoas que foram me visitar. O nascimento dela foi extraordinário, vi ela saindo e logo depois a amamentação. Nos meus piores dias de tristeza Jesus me acolheu e na alegria ele estava lá”, destaca.
Elaine contou muito com a ajuda da mãe dela, Nazaré, que se mudou para a casa da família para ajudar nesse período e claro, agradece ao marido. “Preciso honrar minha mãe que nos amou, cuidou da minha casa, da nossa família, nos momentos de desespero ela estava lá comigo, foi paciente, enfim, cuidou de nós. Meu marido foi um companheiro, com todo o apoio de sempre. Esse sonho sempre foi nosso. Ele tem algo especial que sempre teve fé acreditou que daria certo”, ressalta.
Sara nasceu no dia 14 de junho de 2023. “Me lembro todas as vezes que ao pé do senhor Jesus me desesperei, chorei, mas Deus sabia que um dia teria minha filha. Ganhei muitos presentes, chá de bebê, recebi muitas visitas. Tinham muitas pessoas intercedendo por nós. Sara nos faz louvar, agradecer, bendizer por tudo que Ele fez, momentos bons, difíceis também, agradecer ao senhor, ver que ele estava conosco a todo tempo. Nunca se sinta sozinho, Deus entende sente sua dor e te acolhe, te conforta e dá forças. Hoje tenho minha família”, finaliza.
Texto: Sílvia Vilarinho
Na reta final da gestação