Apucarana debate desafios da mulher negra
O Movimento Apucaranense da Consciência Negra (MACONE), Prefeitura de Apucarana e a UniCesumar realizaram na noite de segunda-feira (25/07) o 16º Encontro da Municipal da Mulher Negra. Com apoio do Núcleo Regional de Educação, Pastoral Afro Brasileira e Unimed, o evento – que aconteceu por intermédio de videoconferência – reuniu autoridades, ativistas, pesquisadores, historiadores, professores e acadêmicos que, por cerca de uma hora e meia, debateram sobre o tema central: “Os desafios da mulher negra na sociedade: nossos passos vêm de longe”.
A data do evento – 25/07 – foi escolhida para celebrar o Dia da Mulher Negra Caribenha e uma homenagem a Tereza de Benguela, líder do quilombo de Quariterê, localizado em Mato Grosso, no século 18, e símbolo da resistência contra a escravidão. Ao proferir a abertura dos trabalhos, o diretor-geral do MACONE, Carlos Alberto Figueiredo, salientou que o encontro, que já está em sua décima sexta-edição, “tem se fortalecido ano a ano como legítimo palco de debate e avanços sociais em prol da mulher negra”.
Em sua participação, o prefeito Júnior da Femac considerou o evento salutar e relevante para encontrar e dar respostas. “Como está sendo ser mulher na sociedade de hoje. Como é ser mulher negra neste momento da nossa história. Mais do que nunca, a sociedade precisa avançar, deixar para traz o preconceito e o racismo. Valorizar e reconhecer a contribuição da mulher negra para a história e para o presente, sua beleza. Somente com união conseguiremos fazer uma sociedade melhor, com diálogo, tolerância e com paz”, disse o prefeito, reforçando que o encontro é cenário importante para essas e outras reflexões. “Com certeza deste debate irão surgir deliberação, estratégicas para que possamos avançar cada vez mais”, concluiu Júnior da Femac.
Pontos altos do encontro municipal, as participações da professora e doutora em Ciências Sociais, Adevanir Pinheiro (Professora Deva) e da assistente social, historiadora e professora doutora Maria Cristina Gabriel, traçaram paralelos da história da mulher negra com o presente. “As mulheres negras vêm de um contexto histórico de escravidão e precisamos estar atentos, na luta pelo efetivo cumprimento de leis federais de promoção da igualdade racial”, assinalou a pesquisadora. De acordo com ela, as mulheres negras sempre foram silenciadas e ainda não são valorizadas pela sociedade. “Por isso precisamos sempre lutar pela igualdade e pela promoção de espaços de fala”, pontuou professora Deva.
Já a professora doutora Maria Cristina Gabriel focou nos desafios da mulher negra na sociedade brasileira. “As mulheres negras continuam na base da pirâmide da desigualdade de renda no Brasil, recebem menos da metade do salário dos homens brancos e bem menos que as mulheres brancas. São as principais vítimas do feminicídio, da violência doméstica e da mortalidade materna”, alertou a historiadora. Durante sua apresentação, Maria Cristina trouxe dados do Mapa da Violência (2021), que constatou que 66% das mulheres assassinadas no Brasil são negras. “Já pesquisa do IBGE revela que 63% das casas chefiadas por mulheres no país são de famílias abaixo da linha da pobreza. Esses e outros dados estatísticos são estarrecedores e mostram o
quão as mulheres negras estão vulneráveis diante das relações sociais. Por isso é tão importante lutarmos por direitos. Não vamos nos calar, vamos gritar”, concluiu.