Ponta Grossa tem mais de 30 mulheres na boleia dos ônibus urbanos

 Ponta Grossa tem mais de 30 mulheres na boleia dos ônibus urbanos

Elas são mães, chefes de família e exemplos de persistência e determinação ao assumir uma função que, por muitos anos, foi ocupada exclusivamente por homens. Edimara Rodrigues de Oliveira, 44 anos, e Izabel Aparecida Hoeldtke, 35 anos, são motoristas de ônibus na empresa Viação Campos Gerais (VCG).

As duas fazem parte do grupo de 32 mulheres da concessionária que dirigem ônibus convencionais e articulados em diversas linhas de Ponta Grossa. A caminhada para chegar à boleia dos ônibus, segundo elas, não foi fácil mas serviu como o aprendizado de nunca desistir.

Edimara é motorista há oito anos e entrou na empresa como lavadora de ônibus. Foto: José Aldinan

Edimara entrou na VCG há 10 anos e sua primeira função na empresa foi lavar ônibus. Dois anos depois, ela já estava dirigindo os articulados pela cidade. Mãe de três filhos, de 26, 24 e 11 anos, e avó de dois netos, 3 e 1 anos, ela lembrou, ontem, um pouco da sua trajetória em busca da realização pessoal e profissional.

“Estava passando por um problema pessoal quando entrei na empresa. Logo tive a oportunidade de fazer a CNH – categoria D e iniciei a caminhada como manobrista de ônibus. Um ano depois, degrau por degrau, comecei a dirigir os ônibus articulados”, lembra. A realização pessoal se tornou ainda mais gratificante a partir do convívio diário com os passageiros entre um trajeto e outro.

“As pessoas falam que eu sou um exemplo para outras mulheres. E eu acredito mesmo que podemos incentivar esse desejo no coração delas, mesmo que ainda tenham preconceitos de alguns passageiros, que preferem não andar nos ônibus conduzidos pelo público feminino. Mas somente nós sabemos o que passamos para chegarmos até aqui”, disse Edimara.

Na última semana, a direção de um ônibus em teste na cidade, com 23 metros de comprimento, foi entregue às mãos de Edimara. “Tive a oportunidade de levá-lo de um terminal para o outro. Foi uma experiência única justamente, por na rua chamar a atenção por ser uma mulher conduzindo. A repercussão foi enorme”, comemorou.

Edimara é motorista há oito anos e entrou na empresa como lavadora de ônibus .Foto: José Aldinan

Sonho

O sonho de se tornar motorista de ônibus exigiu muito controle da ansiedade para a profissional Izabel Aparecida. Casada com um também motorista e mãe de uma filha de 11 anos, ela lembra que não passou no primeiro teste da empresa para conduzir os ônibus.

“Eu trabalhava em uma autoescola e fui me apaixonando pela profissão até que entrei na VCG como trocadora, em 2016. Quando teve teste interno para a vaga, eu não passei de primeira. Meu marido me incentivou a tentar novamente e eu sabia que na segunda vez daria certo e deu. Passei a ser motorista em 2018”, lembra.

Os desafios não pararam por aí. Depois de apenas três dias em que havia começado a conduzir os ônibus convencionais nas ruas, Izabel se envolveu em um acidente. “Foi algo leve, sem gravidade. Mas como isso aconteceu no meu terceiro dia fez com que eu redobrasse a atenção ainda mais”, disse ela.

A profissional também não se deixa levar pelos comentários. “Já aconteceu das pessoas optarem por pegar outros ônibus ou questionarem ‘será que vamos chegar até o terminal?’. Em contrapartida somos muito elogiadas por boa parte dos passageiros. Nós não podemos desistir por conta da opinião alheia. Precisamos fazer acontecer”, finalizou.

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