“Estamos desolados e esperando por respostas”, diz tio de garotas mortas em acidente com trem em Jandaia do Sul
“Nossa família quase não conversa muito mais. Nossos encontros, que eram comuns nos finais de semana, a gente se reunia na casa da minha mãe, vó delas, quase não acontecem mais, estamos desolados e ainda sem nenhum tipo de respostas”, disse Fabiano Pimenta, tio das primas Maria Vitória Gomes Ferreira, de 11 anos, e Kimberly Caroline Ribeiro Pimenta, de15 anos, que morreram após um gravíssimo acidente que envolveu um ônibus escolar da Apae e um trem, em Jandaia do Sul.
A colisão aconteceu no dia 9 de março deste ano e provocou cinco mortes. Após quase quatro meses, a Polícia Civil do Paraná (PCR) que apura as causas do acidente, juntamente com os órgãos competentes, ainda não concluiu a investigação. Conforme Fabiano, eles não tiveram nenhuma resposta até o momento e a família segue muito traumatizada.
Outras duas sobrinhas dele que estavam no coletivo e sobreviveram à tragédia não entram mais no ônibus da Apae. O pai delas precisou largar o emprego, pois a esposa ficou muito deprimida. “Minhas sobrinhas sentem medo, não andam mais de ônibus, meu tio tem que levar elas a pé e depois buscar. Ele precisou largar o emprego para ficar com a esposa, que já tem alguns problemas e agora não consegue ficar sozinha mais. O pai da Kimberly, quase não trabalha mais também, só quer ficar sozinho. Eu era tio, mas também me considerava pai da Kimberly, ela morou um tempo comigo”, detalha.
O acidente mudou o sonho de Fabiano. “Antes do acidente eu tinha o sonho de ter um podcast, eu sou eletricista, agora estou machucado, afastado pelo INSS, mas na época eu tinha um dinheiro para comprar alguns equipamentos e tentar realizar meu sonho. Por causa da tragédia, precisei ajudar minha família. Um acidente, uma imprudência, até agora sem respostas e a gente que segue sofrendo, sem ajuda e com tantos traumas”, desabafou Fabiano.
O ônibus escolar da Apae transportava 29 pessoas. Ao cruzar a linha férrea, o coletivo foi atingido pela composição. O motorista, de 43 anos, que estava com a CNH vencida, alegou não ter ouvido a buzina.
Em nota, a Rumo Logística, concessionária responsável pela linha férrea, esclareceu que “o maquinista do trem acionou a buzina para alertar sobre a travessia do trem, bem como acionou os freios quando foi surpreendido pelo veículo”.
Além das primas que morreram no local do acidente, em 10 de março, Isabel Aparecida Gimenes Figueiredo, de 55 anos, cozinheira da Apea, faleceu no Hospital da Providência em Apucarana. Maria de Lourdes Henrique, de 56 anos, era aluna da instituição. Após o acidente ela foi internada no Honpar em Arapongas, chegou a receber alta, porém, morreu na casa da família em decorrência de uma embolia pulmonar, trombose venosa profunda e acidente de embolia, causas que estariam ligadas ao acidente.
João Lucas dos Santos Silva, de 8 anos, que também estava no ônibus, morreu no dia 22 de março. Ele sofreu diversas fraturas e um ferimento grave na cabeça e estava internado no Hospital Metropolitano desde o dia do acidente. Uma corrente de oração chegou ser realizada em prol da recuperação do garoto e a morte dele gerou grande comoção.